O Ministério PĂșblico acionou o Tribunal de Contas da União (TCU), com pedido de medida cautelar, para que sejam adotadas providĂȘncias em relação a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da minirreforma eleitoral (9/2023). De acordo com o órgão, a proposta, aprovada pela CĂąmara dos Deputados nesta quarta e quinta-feira (13 e 14/9) "traz uma série de propostas que poderão flexibilizar, perigosamente, a legislação que rege as eleições no paĂs".
Entre as mudanças "perigosas" citadas pelo MP estão "a anistia a partidos e polĂticos autores de crimes eleitorais entre 2015 e 2022, a supressão das prestações de contas parciais, promovidas durante as campanhas, além da redução do perĂodo de inelegibilidade de candidatos condenados ou que tenham perdido o mandato". A representação foi feita na quinta-feira (14/9).
A solicitação, feita na quinta-feira 914/9), é assinada pelo subprocurador-geral do MP de Contas, Lucas Rocha Furtado, que destaca pontos do relatório apresentado pelo deputado Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP) considerados negativos para o processo eleitoral.
Entre eles estão a isenção de partidos de qualquer tipo de punição (multa, devolução ou suspensão de recursos) em casos de irregularidades nas prestações de contas antes da promulgação da PEC, anistiar legendas que não cumpriram os repasses mĂnimos às candidaturas de mulheres e negros na Ășltima eleição, limitar a punição de irregularidades a 10% do valor recebido mensalmente do fundo partidĂĄrio; e reduzir os recursos destinados a campanhas eleitorais de negros para 20% dos fundos eleitoral e partidĂĄrio.
"Tais alterações, caso venham a ser aprovadas, além de ferirem de morte a moralidade administrativa, poderão importar a redução da transparĂȘncia, a consolidação da impunidade e a manutenção de maus polĂticos no poder, em prejuĂzo a toda a sociedade. Ou seja, tudo aquilo contra o qual o Tribunal de Contas da União, ao longo de sua honrada história, vem atuando e combatendo com veemĂȘncia e galhardia", argumenta Furtado.
O subprocurador pede que o TCU alerte o Congresso dos perigos de retrocesso que a aprovação da PEC, agora no Senado, pode significar. "A proposta configura um retrocesso social, ao reduzir as verbas destinadas a candidatos negros e mulheres Tais alterações, caso venham a ser aprovadas, além de ferirem de morte a moralidade administrativa, poderão importar a redução da transparĂȘncia, a consolidação da impunidade e a manutenção de maus polĂticos no poder, em prejuĂzo a toda a sociedade".
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), demonstrou cautela em relação à minirreforma eleitoral, que precisa ser votada pelo Senado até o dia 6 de outubro para que seja vĂĄlida para as eleições municipais de 2026. O senador afirmou que a Casa tem como prioridade entregar uma PEC "amadurecida e bem discutida".
"É algo complexo, é um código eleitoral inteiro, então nós temos que avaliar se é possĂvel fazer isso em duas semanas ou não. De qualquer forma, nós não podemos produzir uma legislação na pressa, qualquer que seja ela, especialmente uma legislação dessa natureza, mas vamos avaliar", observou Pacheco.